Câncer de mama: SBM quer mais acesso a exame e tratamento
Pacientes com câncer de mama no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) encontram hoje na falta de acesso o grande problema para um diagnóstico precoce, na avaliação da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). Daí a entidade faz o alerta “+ Acesso + Respeito”, no Outubro Rosa, mês dedicado à prevenção e combate ao câncer de mama.
O vice-presidente da SBM, Vilmar Marques, disse que, muitas vezes, as mulheres não conseguem fazer mamografias porque os mamógrafos estão instalados nos grandes centros. “Mas quando você sai dos grandes centros, esses mamógrafos não estão pulverizados em todas as regiões e não se consegue fazer o exame de rastreamento para identificar precocemente o câncer de mama, a fim de que a mulher atinja a cura da doença”.
Imaginando que a paciente tenha feito a mamografia e o resultado do exame dê alterado, essa mulher terá que procurar um médico especialista para fazer uma biópsia. “Mas ela não consegue marcar esse exame, porque tem dificuldade de encontrar uma vaga com um médico especialista. Mas depois de três ou quatro meses, ela consegue essa consulta. Ela faz a biópsia mas, como demorou muito tempo, entretanto, ela chega ao médico com a doença em estágio mais avançado. Isso reflete direto no prognóstico da paciente”, disse o vice-presidente da SBM.
Acesso
Se a paciente tiver um tumor de mama palpável, até que faça a biópsia e siga para a cirurgia, o estágio da doença já progrediu, “porque ela demora, às vezes, seis meses para conseguir tudo isso”. Vilmar Marques afirmou que “é por isso que a SBM bate nessa tecla do acesso”. O médico defende que a paciente tem que ter acesso facilitado na consulta com um mastologista, realizar a biópsia em tempo hábil e ter o tratamento definitivo também em tempo hábil.
Marques recordou que isso é garantido por lei. Porém, a Lei 12.732, de 2012, que instituiu prazo máximo de 60 dias para o tratamento de pacientes com câncer, ainda não é cumprida em geral. “A partir do diagnóstico, ela tem que ter o tratamento instituído em dois meses. Infelizmente, isso não é a realidade para as pacientes do SUS, de baixo poder aquisitivo. Por isso, a SBM está insistindo nesse tema do acesso, para que a letargia do sistema não interfira no prognóstico das pacientes com câncer de mama”, apontou Marques.
De acordo com o Ministério da Saúde,”para que o prazo da lei seja garantido a todo usuário do SUS, é necessária uma parceria direta dos gestores locais, responsáveis pela organização dos fluxos de atenção. Estados e municípios possuem autonomia para organizar a rede de atenção oncológica e o tempo para realizar diagnóstico depende da organização e regulação desses serviços”.
A ideia da SBM é chamar a atenção da população e do poder público para a falta de acesso das mulheres brasileiras ao diagnóstico precoce e ao tratamento do câncer de mama. De acordo com a entidade, cerca de 60% dos casos chegam aos consultórios em estágio avançado, principalmente nas pacientes atendidas pelo SUS e isso se deve, principalmente, às dificuldades para agendar consultas e a mamografia, além da demora para receber o diagnóstico e iniciar o tratamento.
(Agência Brasil)