Um alimento, uma máscara, um afago!
Por Neli Zaidan
A vida continua e seguimos tentando nos adaptar, cada dia mais, a nossa nova rotina. Muita coisa mudou outras nem tanto. Mas o que segue nos mantendo sadios diante de tanta dificuldade e improbabilidades é sem dúvida, notar e testemunhar a prática da solidariedade entre as pessoas – muitas vezes, partindo de quem menos tem, é verdade.
Sabemos que situações como a que nos atinge atualmente, não só gera uma desestabilidade global, masmostra também a pior face do ser humano, infelizmente. Vemos muitas máscaras caírem antes de as de proteção serem usadas. Apesar disso, muita gente boa vem se doando. E ainda bem que muitas adotaram a empatia e apostaram à sua maneira numa mudança na realidade como podem.
Mais um exemplo disso é o da dona Zezé, do bairro Caiucá, em Caruaru. Ela é costureira e trabalha com confecção de camisas. Mas desde que tudo mudou por conta da pandemia e isolamento social, a produção caiu bastante, fazendo com que ela parasse de produzir. Mesmo com dificuldade, ela resolveu juntar o material que tinha e confeccionar máscaras com as sobras de tecidos do seu trabalho.
A ideia inicial era fazer máscaras e doar aos familiares, conhecidos e vizinhos. Algumas pessoas demonstraram interesse em comprar, mas dona Zezé teve uma ideia melhor: trocar uma máscara por um 1 kg de alimento. E deu certo. Em sua própria casa, quem tiver interesse ou precisar de uma máscara é só levar um alimento e já sai protegido. Com essa inciativa ela acredita ajudar muita gente, “assim eu não estou ajudando uma só pessoa, estarei ajudando várias, a quem leva a máscara e a quem ganha o alimento”, acrescenta a costureira.
Com o sucesso do projeto, ela passou a receber doações de sobras de tecidos (já que os dela estavam acabando) e comprou mais elásticos para continuar seguindo o plano. Algumas conhecidas aderiam à ideia de dona Zezé e começaram a fazer o mesmo. Assim elas conseguem produzir mais e consequentemente juntar mais alimentos. O objetivo é preparar cestas básicas com o que forem arrecadando nas trocas (já conseguiram montar quase vinte). Dona Zezé falou sobre ser solidário: “até quando eu tiver condições, eu vou continuar fazendo as máscaras e quem precisar é só vir pegar, trazendo alimento ou não, de uma maneira ou de outra a gente continua ajudando, enquanto eu tiver alimentação em casa, vou continuar fazendo” ressaltou ela, feliz.
Quem precisar de máscara ou até mesmo quiser doar alimentos e materiais para fabricação das máscaras, ajudando dona Zezé a continuar com o projeto, é só se dirigir à rua Eduarda Prado, 102, Caiucá e fazer sua contribuição.
São atitudes como essas e como várias outras que já mostramos aqui, que continuamos a acreditar, na empatia, na solidariedade e no ser humano, mesmo às vezes, sendo difícil. Mas pessoas como dona Zezé nos faz seguir acreditando que vale à pena. Obrigada dona Zezé, obrigada!