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A pré candidatura presidencial de Fernando Collor e a confirmação da condenação de Lula pelo TRF4

biografia de fernando collor de melloO recente anúncio e a confirmação pelo próprio Senador Fernando Collor (PTC) de sua postulação a pré candidatura a Presidente da República, não me surpreendeu, ficção e realidade no Brasil são dois paralelos inseparáveis. O que me leva a crer que Fernando Collor deverá mesmo ser candidato, pondo seu nome na disputa eleitoral deste ano, é talvez, a crença individual da ausência de Lula no pleito desse ano.

O quê tornaria Collor na disputa presidencial uma espécie de "candidato com experiência" por ser ex-presidente, ele deverá trabalhar de maneira publicitária e com uma boa dose de marketing político o discurso de que está preparado para não "repetir os erros do passado".

Inclusive, na última sexta feira, dia 19 de janeiro durante entrevista a rádio local em Arapiraca, no interior de Alagoas, ocasião na qual fez o anúncio de sua pré-candidatura a presidência aludiu que caminhará nesta direção: "Tenho uma vantagem em relação a alguns candidatos porque já presidi o país. Meu partido todos conhecem, sabem o modo como eu penso e ajo para atingir os objetivos que a população deseja para a melhoria de sua qualidade de vida".

Bem, a maioria da população brasileira sofre corriqueiramente de dislexia de memória, a prova é que neste país, vida ilibada, ética e moral não são sinônimos aplicados a maioria dos políticos, aqui a Lei da Ficha Limpa é na prática um recurso legal a serviço das oposições políticas vigentes, mas não um recurso cidadão, vêm eleição e passa eleição o que não falta entre eleitos com mandato é um histórico de investigações, recursos judiciais e falta de zelo com a coisa pública, como costumo dizer brasileiros sofrem de alguma forma de "alzheimer coletivo", já que vejamos o Fernando Collor patrocinou o maior confisco público de valores privados da história econômica do mundo ocidental, realizado por um chefe de estado nacional, faço referência ao famigerado "Plano Collor" que congelou a poupança de milhões de brasileiros e brasileiras.

Para quem não lembra, não era nascido na época, recomendo uma rápida pesquisa sobre o assunto. Na época, o desastre desse plano foi sentido antes mesmo de sua implementação como lembrou o jornalista Gustavo Villena em artigo chamado "Plano Collor confiscou a poupança, e Brasil mergulhou na hiperinflação" do dia 16 de março de 2015: "Na véspera do anúncio do Plano Collor, supermercados do Rio remarcaram os preços dos seus produtos até de madrugada. Na época, o país mergulhou na hiperinflação: em março, o índice de preços chegou a 82%. O valor dos produtos quase dobrava de um mês para o outro".

Em qualquer país onde os cidadãos não toleram corrupção e insucessos políticos, a figura de um Fernando Collor de Mello estaria sepultada, caberia a ele o ostracismo político e a vergonha pública, mas estamos falando da República Federativa do Brasil, onde um ex-presidente acusado, julgado e que sofreu impeachment, responde a vários processos na justiça, além de ser réu nas investigações da Operação Lava Jato, é atualmente Senador, e dá as cartas na política institucional de um dos 26 estados da Federação, o estado de Alagoas.

Por isso, que lamentavelmente acredito que o Fernando Collor vai ter alguma capilaridade na disputa, bem é cedo, e não sou nenhum comentarista vidente, se candidato, eu não tenho dúvida ele deve arregimentar alguns milhões de votos, e dependendo do clima de disputa que deve ser visceral pela polarização que solapou o país após as eleições de 2014 e o impeachment de Dilma em 2015, o clima deve ser, ainda mais escancarado nos debates entre Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PSL), esse primeiro, se beneficiaria enormemente na hipótese da ausência de Lula na disputa deste ano.

Há algum tempo afirmei pelas redes sociais que Lula deve ter sua condenação confirmada, não é necessário ser especialista, ou ter lido os autos de seu processo na primeira instância, aliás se lermos vamos perceber a inconstância e ausência de provas materiais no processo, o que repetidamente tem sido dito por juristas, intelectuais e até liberais no país, um exemplo é o jornalista Reinaldo Azevedo. Afastemos os "conspiracionismos" inerentes a determinadas formas de militância e ativismo político dessa rápida análise, o que me faz acreditar na condenação do Lula é perceber que as peças desse xadrez, e as motivações por trás de sua condenação, ou seja a existência de uma contra-estratégia de alguns setores políticos e jurídicos no país ao PT e Lula vêm sendo posta em prática há alguns anos. Portanto, é amplamente concebido no imaginário de muitos cidadãos(as) como que "por tabela".

O receituário dos noticiários nacionais sempre tiveram a palavra "Lula" como preferida, e maior parte da população, especialmente aqueles mais simples, das classes menos abastadas sabem que "bater no Lula" é costume da Globo e de suas demais concorrentes de mercado, eu pelo menos ouço isso, nos bares da periferia, nas conversas no campo, e entre aqueles mais idosos. Lula é um "monstro político", sagrado para uns e demoníaco e comunista para outros, uma coisa é certa seu "populismo" foi criado pela incompetência das velhas direitas no Brasil, ausentes do debate público e ideológico nacional, agora o monstro tem seus ceifadores, não na política, mas no judiciário.

E, neste cenário que aludi o Collor pode vir a ser uma tragédia anunciada com viabilidade, ainda mais se uma candidatura de "centro" não tomar musculatura, aliás eu como centrista clássico, fico até envergonhado em ver o PSDB tentar fazer do Geraldo Alckmin, atualmente governador de São Paulo, esse tal quadro de "centro", no entanto, mesmo com a tentativa. Estamos há menos de 8 meses para o início das eleições, e seu nome não cresce em pesquisas, fato que se explica porquê o PSDB nos últimos anos, com a emergência de denúncias e investigações contra os maiores atores da legenda, inclusive, o último candidato a presidente em 2014, o mineiro Aécio Neves, a legenda perdeu muitos dos eleitores que abocanhava, principalmente com o surgimento e a criação da figura nefasta do Jair Bolsonaro, este que não existia no Brasil se tanto à esquerda como à direita não tivéssemos cometidos os erros morais, éticos e políticos, bem como arruinado a credibilidade das pessoas com a classe política e com o processo político-eleitoral brasileiro.

Já o pré candidato Collor deve começar nos próximos meses a aparecer nas pesquisas de opinião, e não me espantará, se nas estatísticas eleitorais ele estiver a frente do moribundo Geraldo Alckmin (PSDB).

Ao meu ver, o anúncio do Collor tem um pano de fundo a confirmação da condenação do Lula pelo TRF-4, ele como pragmático, experiente, tendo para alguns "lavado sua alma" no discurso que fez no Senado durante a votação do impeachment de Dilma, ocasião em que fez referência ao seu próprio processo de impeachment em 1992, e posterior absolvição no Supremo Tribunal Federal das acusações de corrupção, o STF se fundou na falta de provas que o ligassem ao esquema de PC Farias, que motivou o impeachment.

O Senador alagoano ainda é bem relacionado com certos setores da sociedade e do mundo jurídico brasileiro, e já deve ter recebido a informação da confirmação da condenação do Lula, ou está contando e rezando para que o fato se consuma em sua análise de conjuntura rápida. E, mesmo que ele não recebeu, o que suponho ser uma confirmação da condenação, a obstinação do presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), o desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz já se manifestou em uma afirmação ao Jornal O Estado de São Paulo sobre o processo ajuizado pelo Sérgio Moro, “é tecnicamente irrepreensível, fez exame minucioso e irretocável da prova dos autos e vai entrar para a história do Brasil”.

John Silva - Professor, historiador e pesquisador.