Prefeitura de Caruaru se pronuncia sobre morte da vereadora Marielle Franco
As Secretarias de Políticas para Mulheres e de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos de Caruaru se pronunciaram, por meio de nota, sobre a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), que aconteceu na última semana. No texto, assinado pelos secretários Perpétua Dantas e Fernando Silva, o crime foi classificado como um "brutal e covarde assassinato".
"Quando uma militante de Direitos Humanos é executada, não é mais uma cifra na estatística de homicídios dolosos. São milhares de pessoas que estão órfãs, abandonadas à própria sorte em suas lutas diárias. Pautas importantes e que construiriam projetos de inclusão são rasgadas, mata-se aquela que em sua fala patrocina o direito de muitos", aponta a nota.
A vereadora carioca foi morta a tiros dentro de um carro, na Região Central do Rio de Janeiro. Na ocasião, o motorista do veículo, Anderson Pedro Gomes, também foi baleado e morreu. Outra passageira, assessora de Marielle, foi atingida por estilhaços. A principal linha de investigação da Delegacia de Homicídios é execução.
Confira o texto na íntegra:
Lamentamos profundamente o brutal e covarde assassinato da vereadora do Município do Rio de Janeiro, Marielle Franco, na noite da última quarta-feira, dia 14/03/2018. A execução da parlamentar e também do seu motorista, Anderson Gomes, foi um duro golpe contra toda a sociedade brasileira, marcada pela violência desenfreada, que viola direitos, que interrompe vidas, sonhos e projetos. Marielle simboliza toda uma história de luta de classes, de resistência da mulher, vítima de preconceitos por ser mulher, por ser negra, por ter uma origem humilde, por defender pautas historicamente marginalizadas, entre as quais os direitos das mulheres, da população LGBT, da juventude negra, favelada e excluída.
Quando uma militante de Direitos Humanos é executada, não é mais uma cifra na estatística de homicídios dolosos. São milhares de pessoas que estão órfãs, abandonadas à própria sorte em suas lutas diárias. Pautas importantes e que construiriam projetos de inclusão são rasgadas, mata-se aquela que em sua fala patrocina o direito de muitos. Quando se mata uma mulher que estava na esfera da decisão política, eleita por mais de quarenta mil votos, que estava na ponta da construção da política pública na sua atividade parlamentar, em um país cuja participação política das mulheres ainda é ínfima, mata-se o Estado Democrático de Direito. Mesmo sendo a maioria da população, as mulheres são tratadas como minoria, vítimas de desigualdade de gênero, de feminicídios, estupros, assédio moral e sexual.
O assassinato de Marielle Franco, soma-se a de Olga Benário, Wladmir Herzog, Rubens Paiva, Aurora Maria Furtado, Chico Mendes e a Irmã Dorothy Stadler, todos cometidos em épocas diferentes, cenários políticos distintos, mas no mesmo contexto de lutas por ideais democráticos, por Direitos Humanos.
A morte de Marielle deve ser esclarecida e os responsáveis, exemplarmente punidos. Sua luta, que é a nossa luta, deve continuar firme e forte para que possamos continuar acreditando e conquistando, no cotidiano, num país que respeite a dignidade e os direitos da pessoa humana, os princípios do Estado Democrático de Direito! Marielle, Presente!!!