Circular: a reinvenção da moda - Por Neli Zaidan
Frequentemente a prática da moda é associada a um conflito socioambiental contraproducente. Universalmente, a indústria da moda é responsável por 10% das emissões de CO², tendo ainda uma previsão de alcançar 25% até 2050. Já imaginou o tamanho do problema?! O segmento ainda se utiliza de muitos recursos não-reaproveitáveis, como produtos químicos, além do microplástico oriundo dos tecidos sintéticos, que entra em ecossistemas naturais através das roupas, cosméticos e outros processos industriais.
No Brasil a prática de uma tendência de moda circular vem ganhando potencial, mas ainda é preciso mudar muitos pontos. Com consumo consciente e de produtos de “segunda mão”, alguns sites e plataformas vem se destacando e ganhando cada vez mais o mercado da moda sustentável estimulando a venda por intermédio digital, principalmente com o surgimento da pandemia.
Algumas empresas fazem a reintegração dos resíduos têxteis de produção e pós-descarte, recolhendo uniformes corporativos que são descartados e fazendo a transformação desses materiais - que antes eram simplesmente incinerados, em fibras que constituem um material similar ao feltro. Fantástico, não é?
Outras iniciativas se destacam como criação de bibliotecas de roupas ou guarda-roupas compartilhados, muito comuns na Europa, mas que vem chegando por aqui também. Os clientes tem acesso a um tipo de closet, mas somente para empréstimo e por tempo limitado, devolvendo os looks para reuso das peças. Alguns empreendimentos oferecem várias opções, como consignação de peças, vendas, trocas e empréstimos. É bom para o cliente, é bom para quem empreende, é bom para o planeta e é bom para o processo de desaceleração do consumo, além de fomentar e instigar a compra consciente e trocar experiências e energias através das histórias das peças circulares.
Embora esse seja um assunto sempre pertinente e que vem sendo discutido há décadas, a moda mais sustentável no Brasil, no entanto, ainda não se instalou – partindo de uma perspectiva de negócio atrativo para investidores. No segmento da moda, há muitos empreendimentos individuais, o que acaba dificultando o interesse de investimentos maiores, já que dessa maneira não se apresenta uma estrutura de volume e escala. Um trabalho conjunto ou até mesmo acordos contratuais, permitiriam compartilhamento de riscos e também de recursos e geraria um maior interesse, nesse sentido. Porém, o ecossistema da moda circular no Brasil, já existe sim, embora ainda embrionário, é notório uma mudança positiva com um certo vislumbre, mas precisando ainda de fortalecimento, o que esperamos que aconteça o mais breve possível, já que essa mudança é urgente e necessária.
O planeta é nossa única casa. É nosso dever cuidar dele. É nosso dever trata-lo como lar.
