Delírios de consumo: desejo e necessidade
Por Neli Zaidan
Você já parou para avaliar o seu tipo de consumo? A forma como você lida com as compras? Já pensou se de alguma forma, você é consumista ou não avalia da melhor maneira a necessidade de uma compra específica? Para muitas pessoas, diferenciar o desejo de uma necessidade de consumo pode ser uma tarefa difícil. É importante diferenciarmos o desejo da necessidade, no momento da compra para evitar gastos extras e ajudar a ter uma vida mais regada a hábitos de consumo mais saudável.
A necessidade é uma característica do que é essencial ou algo que seja de bastante utilidade. É tudo o que realmente precisamos. O desejo representa mais uma vontade por bens ou posses, mas não necessariamente o que é preciso ter. O desejo vem mais para satisfazer nossas vontades, às vezes, até supérfluas. Não que isso seja algo ruim, não, não é. Mas é algo que temos que controlar. Do contrário, ele controla a gente sem nem a gente se dar conta disso. Nós quem temos que determinar e não ele. Entende a diferença?
Simplificar a vida, não quer dizer abrir mão de comprar algo que você queira. Quer dizer só que você não precisa ser escravo das tendências, de vontades e desejos. Não consumir por impulso. Equilibrar a linha tênue entre desejo e necessidade, sabe?
Me lembra um filme, que, se visto com olhar crítico, deixa uma mensagem muito importante sobre consumo consciente: os delírios do consumo de Becky Bloom. A personagem é uma jornalista que sonha em trabalhar em uma revista de moda, é compradora compulsiva e vive endividada só para manter seus prazeres, as aparências e esquecer um pouco da vida real. Outra obra artística que me vem sempre em mente é uma música de Vanessa da Mata: bolsa de grife. É uma crítica ao consumo exacerbado e que faz analogias ao fato de muita gente “esquecer os problemas” enquanto compra. É a falsa ideia de que “vou desestressar” se comprar um sapato novo ou “vou ficar menos triste” se eu comprar aquela blusa que vi na vitrine. Ainda existe muito esse pensamento e a indústria acaba abusando disso para manter o mercado aquecido. É verdade que muitos fatores vêm mudando nesse meio, mas ainda é insuficiente. Precisamos ter mais consciência, mais ação e disciplina para que a gente usufrua dos materiais sem deixar que eles nos consumam.