Aquecimento global causou mais de 200 mil casos de doença renal no Brasil em 15 anos
Mudanças no ambiente podem influenciar a saúde das pessoas e dos animais. A poluição do ar, água e solos contaminados, estiagem prolongada e outros fatores ambientais afetam tanto o desenvolvimento quanto questões básicas, como o consumo de água e oxigênio. Porém, o efeito direto das mudanças climáticas sobre órgãos era algo visto quase como impossível pelos cientistas. Até agora.
Pela primeira vez, um grande estudo conseguiu identificar mais de 200 mil casos de doenças renais causados diretamente por influência da temperatura. Além disso, as variações de temperatura extremas em um mesmo dia, como noites frias e calor intenso durante o dia, podem afetar o organismo em até dois dias subsequentes.
Para cada 1ºC de elevação da temperatura, o risco relativo encontrado para a ocorrência de algum tipo de doença renal aumenta 0,9%. Considerando a incidência mundial de 7,2% de doença renal crônica, isso significa que um aumento de 1,5ºC na temperatura global, como reportado no último relatório do IPCC, pode levar esse risco para 9%. O risco para desenvolver algum tipo de problema renal foi maior em crianças de zero a 4 anos, de 3,5% para cada aumento de 1ºC de temperatura, em mulheres (1,1%) e em pessoas com mais de 80 anos (1%).
A pesquisa foi publicada na edição deste domingo (31) da revista The Lancet Regional Health - Americas. O estudo, conduzido com uma parceria entre a Universidade de Monash, em Melbourne, na Austrália, e o Instituto de Estudos Avançados (IEA), da Universidade de São Paulo, avaliou dados de 2.726.886 hospitalizações por algum tipo de doença renal entre os anos 2000 e 2015 em 1.816 municípios brasileiros.
Via Folha PE.