Veja o que se sabe até o momento sobre a tragédia em Suzano
Os jovens Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, mataram a tiros oito pessoas na Escola Estadual Raul Brasil, de Suzano (SP). Eles cometeram suicídio em seguida, segundo a polícia. O ataque aconteceu por volta das 9h30 desta quarta-feira (13).
Segundo as investigações preliminares da Polícia Civil, os assassinos planejaram o crime por um mais de um ano. A polícia afirma ainda que Guilherme Taucci e Luiz Henrique pretendiam matar mais pessoas do que as 13 vítimas do massacre de Columbine, ocorrido em 1999 nos Estados Unidos. Em abril, esse crime completará 20 anos.
Os indícios que levam a investigação a crer que a chacina foi premeditada foram as buscas na internet feitas pelos assassinos sobre como foram cometidos outros atentados a escolas nos Estados Unidos. Um dos que chamavam a atenção deles era o de Columbine, em que Eric Harris, de 18, e Dylan Klebold, 17, mataram a tiros 12 colegas e um professora antes de se suicidarem na escola.
A polícia investiga a possibilidade de a dupla de assassinos ter frequentado um fórum intitulado Dogolachan na Deep Web, uma internet considerada obscura na qual pessoas anônimas incitam crimes de ódio e intolerância.
“Muito obrigado pelos conselhos e orientações... esperamos não cometer esse ato em vão”, teria escrito um dos assassinos dois dias antes do massacre em Suzano.
Em entrevista coletiva, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, João Camilo Pires de Campos, divulgou os nomes das vítimas:
Confira a lista completa de mortos e feridos:
Alunos da escola – todos óbito:
1.Caio Oliveira, 15 anos, estudante.
3.Douglas Murilo Celestino, 16 anos, estudante – socorrido ao Hospital de Clínicas Luzia Pinho de Melo, foi à óbito.
4.Kaio Lucas da Costa Limeira, 15 anos, estudante.
5.Samuel Melquiades Silva Oliveira, 16 anos, estudante.
Funcionárias da escola – todas óbito:
6.Eliana Regina de Oliveira Xavier, 38 anos.
7.Marilena Ferreira Vieira Umezo, 59 anos.
Atiradores (mortos)
9.Luiz Henrique de Castro – 25 anos (16/03/1993).
Dono da locadora (tio do Guilherme)
10.Jorge Antonio de Moraes, 51 anos – transferido do PSM de Suzano para o HC/FMUSP onde foi a óbito.
Feridos
1.Adna Isabella Bezerra de Paula, 16 anos, transferida do PSM Suzano para o HC/FMUSP – estável, na emergência.
2.Anderson Carrilho de Brito, 15 anos, transferido do PSM Suzano para o HC/FMUSP – estado grave, no centro cirúrgico.
3.Beatriz Gonçalves Fernandes, 15 anos, estável no PSM de Suzano.
4.Guilherme Ramos do Amaral, 14 anos , neste momento passa por cirurgia no PS de Suzano.
5.Jenifer da Silva Cavalcante – HC Luzia de Pinho Melo, grave, porém estável, passou por procedimentos cirúrgicos e está sendo acompanhada pela equipe médica.
6.José Vitor Ramos Lemos, (Hospital Santa Maria). É o que foi atingido com o machado.
7.Leonardo Martinez Santos – socorrido ao HC Luzia de Pinho Melo – fraturou o tornozelo, será operado e passará por cirurgia.
8.Leonardo Vinícius Santa Rosa, 20 anos, estava na Santa Casa de Suzano e foi transferido para o HC/FMUSP, estável no PS.
9.Letícia de Melo Nunes, (Hospital Santa Maria – transferida para Hospital Geral de Itaquaquecetuba) – estável e sob acompanhamento especializado de cirurgia geral.
10.Murillo Gomes Louro Benites, 15 anos – socorrido ao HC/FMUSP pelo Águia, estável no PS.
11.Samuel Silva Félix, 15 anos (Hospital Santa Maria).
Tudo teve início antes de os criminosos chegarem à escola. Eles, segundo a polícia, assaltaram uma locadora e fugiram com um carro modelo Onyx de cor branca. No local, foi alvejado e morreu o proprietário, Jorge Antônio Morais, tio de um dos criminosos. Funcionários acionaram a polícia, que passou a buscar o veículo até chegar à escola. Mas o ataque já estava em andamento.
De acordo com o coronel, os atiradores entraram na escola na hora do intervalo. Primeiro, atiraram em uma coordenadora pedagógica e uma supervisora. Depois, se dirigiram ao pátio, onde atingiram quatro alunos do ensino médio. Em seguida, eles foram até o Centro de Línguas. Os alunos que estavam no local se esconderam dentro de uma sala de aula. Os atiradores, então, se suicidaram no corredor em frente ao verem a polícia.
Ainda não se sabe a motivação do crime. Há informações que o autor mais novo foi expulso da escola no ano passado.
O Gate fez uma varredura na escola e encontrou artefatos com aparência similar a de explosivos. A área no entorno da escola está isolada por risco de haver explosivos.
Relatos
“Foi 9h30. Ouvimos disparos. Estava na sala de aula, na hora do intervalo. Pensei que fossem bombas. Quando eu percebi que eram tiros fiquei lá. Só saí quando os policiais chegaram 20 minutos depois”, conta a professora Sandra Perez ao Estadão Conteúdo.
“Meu amigo levou dois tiros. Tem 17 anos. Eu estou no terceiro ano. Estávamos no intervalo. Ouvi os tiros e vi pessoas correndo. Não se mais notícias dele”, disse Matheus Mariano chorando ao Estadão Conteúdo.
Uma das vítimas, Letícia Melo, de 15 anos, estava no intervalo quando levou um tiro de raspão nas costas. O estado de saúde dela é estável, segundo o primo, o autônomo Matheus Henrique Nunes, de 23 anos. “Ela passou de maca por mim e estava acordada. Não falou nada, mas dava para ver que estava assustada”, afirmou ao Estadão Conteúdo.
Segundo o Estadão Conteúdo, após o início do tiroteio na escola, alunos foram abrigados por professores e funcionários em salas de aula trancadas e uma parte dos estudantes recebeu proteção se trancando no estoque da cantina.
A estudante Kelly Milene Guerra, de 16 anos, contou ao Estadão Conteúdo cerca de 60 alunos que estavam com ela dentro da cantina trancada. Ela escutou vários tiros, mas não ouviu os atiradores falarem nada durante o ataque. “Ficamos lá dentro até a polícia chegar, mas não sabíamos o que estava acontecendo e de quem se tratava, então o medo continuou. Eles abriram a porta e mandaram a gente correr o mais rápido possível. Vi uns corpos no caminho”, disse a estudante.
O estudante Lucas Alves, de 16 anos, correu ao ouvir os tiros e pulou o muro atrás da escola. Ele relatou que professores trancaram as salas que só podem ser abertas pelo lado de dentro e abrigaram quem não conseguiu fugir . “Corri sem olhar pra trás”, disse ao Estadão Conteúdo.
A Escola Estadual Professor Raul Brasil tem cerca de 1,6 mil alunos, do sexto ao nono ano do ensino fundamental e ensino médio.
(Com informações do G1 e ISTOÉ)