Primeiro debate entre presidenciáveis é marcado por embates
29 de agosto de 2022
Após uma semana de incertezas quanto a presença dos principais candidatos ao cargo de presidente da República, o primeiro debate das eleições deste ano foi realizado na noite do domingo (28) nos estúdios da Band, em São Paulo. Pela primeira vez, Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) interagiram, momento mais aguardado da campanha eleitoral até aqui. Além desse embate marcar a polarização do cenário político, foi um inédito encontro entre um presidente no cargo com um ex-presidente neste tipo de evento.
Também participaram os candidatos Ciro Gomes (PDT), Luiz Felipe D’Ávila (Novo), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil). A temática feminina foi destaque, com abordagem de políticas para mulheres e questões relacionadas ao machismo.
O primeiro bloco iniciou com perguntas sobre os programas de governo feitas por jornalistas, uma a cada dupla de candidatos. Para aqueles menos conhecidos, foi momento para usar a maior parte do tempo para se apresentar. Na sequência, foi a vez das perguntas entre candidatos, com cada um deles fazendo e respondendo a uma pergunta. Por sorteio, coube a Bolsonaro fazer a primeira delas, escolhendo Lula para responder, colocando frente a frente os adversários.
Bolsonaro questionou sobre a corrupção na Petrobras. O ex-presidente respondeu elencando medidas de combate a corrupção adotados em sua gestão. Na réplica, Bolsonaro chamou de “mais corrupto da história” do país a gestão do adversário, que na tréplica elencou investimentos em áreas como meio ambiente e educação. O primeiro bloco, no entanto, parecia um momento em que os candidatos se estudavam, esquivando-se de assuntos mais polêmicos ou debate mais acalorado.
Já no segundo bloco, em que jornalistas traziam questões a um candidato e escolhiam outro para comentar, mais uma vez Bolsonaro e Lula ficaram cara a cara. O presidente garantiu a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600, caso eleito, em 2023. O petista disse que não há previsão disso na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Mas os ânimos se exaltaram entre Lula e Ciro, quando o ex-presidente relembrou a viagem do trabalhista a Paris após o primeiro turno de 2018.
As principais críticas ao atual governo não vieram de Lula ou Ciro. Foi a senadora Simone Tebet quem adotou a estratégia de questionar ações da gestão Bolsonaro, principalmente na condução da pandemia. Em pergunta direcionada a Ciro que tinha seu comentário, Bolsonaro chegou a usar seu tempo para contestar Tebet, após fazer crítica a uma jornalista. As candidatas Tebet e Thronicke reagiram e criticaram o presidente.
O terceiro bloco iniciou com novo embate entre candidatos para discutir propostas. No entanto, os temas principais levantados foram misoginia, corrupção e políticas públicas adotadas na pandemia, com críticas ao atual governo e ao presidente. Depois, os candidatos responderam a perguntas de jornalistas e tiveram espaço para considerações finais.
Ciro enfatizou que sua luta não é contra os demais candidatos, mas contra o modelo econômico adotado no país nas últimas décadas. Lula citou a escolha de Geraldo Alckmin (PSB) como candidato a vice e chamou de golpe o impeachment de Dilma Roussef. Bolsonaro disse que a eleição polarizada e fez críticas ao adversário.
Simone Tebet lamentou a polarização, comprometeu-se a combater a discriminação e pediu o voto feminino. Soraya Tronicke defendeu o imposto único, bandeira de sua campanha, pedindo união. Luiz Felipe D'Ávila criticou profissionais da política e defendeu menos poder para o estado e mais poder aos empreendedores.
Antes mesmo de começar, o debate movimentou um grande contingente na segurança. Além disso, a pedido do Gabinete de Segurança Institucional da presidência da República, alegando motivos de segurança, o posicionamento dos candidatos, determinado por sorteio, onde Lula e Bolsonaro ficariam lado a lado, foi alterado, com anuência dos organizadores. A ordem original das perguntas, no entanto, foi mantida.
Correio do Povo.