Cigarro eletrônico causa mais doenças que o cigarro tradicional
30 de agosto de 2022
A Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) destacou os males do cigarro eletrônico. O dispositivo, de design moderno para fumo, causa até mais doenças que o cigarro convencional e é a maior porta de entrada para o fumo, com aproximadamente 19,7% dos jovens, entre 18 a 24 anos, no Brasil, usando tabaco desta forma, de acordo com o relatório Covitel (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia).
“O cigarro eletrônico causa as mesmas doenças que o cigarro comum e também lesões mais agudas, como a destruição de pneumócitos (células que revestem os alvéolos pulmonares) por queimadura provocada pelo vapor quente combinado às substâncias tóxicas”, diz o médico patologista, Alexandre Todorovic Fabro.
De acordo com o patologista, associado da SBP, o dano alveolar provocado pelos cigarros eletrônicos é semelhante ao que ocorreu também em muitas das vítimas do incêndio na Boate Kiss, em 2013, em Santa Maria no Rio Grande do Sul, ao inspirarem a fumaça tóxica liberada com o fogo. O médico afirma que, com esse dano alveolar, “se a pessoa não morre, forma uma pneumonia que deixa marcas no pulmão como se fossem cicatrizes internas”.
Foi criada até uma sigla em inglês para doenças associadas aos cigarros eletrônicos, a EVALI, originada de “E-cigarette or Vaping Associated Lung Injuries/ Illnessess”. Isso, além de várias outras doenças causadas tanto pela nova forma de fumar, quanto pelo tabaco consumido em sua forma mais tradicional, dos quais as mais famosas são o câncer de pulmão e a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), anteriormente chamada de enfisema. A DPCO é a quarta maior causa de mortes no mundo e a mais evitável, de acordo com o pneumologista Paulo Antônio Morais Faleiros.
Paulo Antônio Morais Faleiros afirma que o cigarro eletrônico provoca problemas em vários órgãoso, não só os pulmões. As doenças causadas incluem mais de 10 tipos de câncer, inclusive de bexiga, além do risco de explosão dos dispositivos eletrônicos durante o fumo, o que pode até causar fratura na mandíbula.
Inicialmente, o cigarro eletrônico era vendido como uma forma para causar menos mal e uma transição para o fumante largar o cigarro comum, mas o design moderno, os sabores diferentes e os cheiros atraem os não fumantes e principalmente os jovens. “Quem fuma há muitos anos não quer cigarro com cheiro de tutti-frutti ou gosto de torta de limão. Ele quer o gosto e o cheiro do alcatrão. Esses novos sabores e aromas são, claramente, chamativos para pessoas que nunca fumaram”, afirma o pneumologista.
De acordo com Faleiros, o cigarro eletrônico tem quatro vezes mais chances de viciar porque a nicotina atinge mais rapidamente os pulmões, a corrente sanguínea e o cérebro e também porque a dose de nicotina chega a ser até 14 vezes maior que a de um cigarro comum. Além disso, aumenta as chances de um fumante ser contaminado pela COVID-19 porque aumenta a quantidade de receptores para esse vírus nas células.
O fumo é proibido no Brasil desde 2009, por regulação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e assim deve continuar, de acordo com a recomendação da Associação Médica Brasileira (AMB).