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É TEMPO DE ALIANÇAS

2854ac7d 5df3 4a4a b8a6 b771fde82216A conjuntura atual encontra a burguesia em período recente construindo estados constitucionais não democráticos pelo mundo inteiro, na periferia do capitalismo, derivando daí a promoção de cenários de instabilidade, ódio e intolerância inauditas, decorrentes de uma guinada à direita no espectro político, que se amplia exponencialmente.

Uma das táticas adotadas no período atual pelo capital é a articulação de golpes parlamentares mediante os quais se objetiva manter seu poder.
Há uma profunda crise das democracias ocidentais devido aos seus arranjos históricos estarem sob pressão para se desfazerem em face das disputas globais intracapital, em grande medida motivada pela entrada da China no tabuleiro de poder geopolítico mundial, o que desequilibrou a estabilidade no interior das forças hegemônicas.
O projeto das classes transnacionais revelam o propósito de instalar uma outra ordem internacional de dominação capaz de submeter estados nacionais aos novos paradigmas formulados, que são denominados pela esquerda, hoje, de ultraliberalismo.
Uma das características deste novo momento, com ações já implementadas em muitos países (o Brasil já sentiu o que isto significa), é a usurpação das instituições do estado a partir de seu próprio interior, rompendo com a soberania popular.
A Constituição brasileira foi rompida (embora haja uma tênue inflexão recente). Estamos marcados pelo arbítrio, onde os fundamentos da Constituição Federal já não estão majoritariamente valendo e neste contexto o judiciário se torna o condutor, acionado pela crise que afeta o poder legislativo e a desmoralização do executivo nacional pós-impeachment de Dilma, “obrigando-o” a fazer política.
Por isso a conjuntura carrega um alto grau de imprevisibilidade.
No Brasil, os golpistas estão divididos em diversas frentes, mas unificados programaticamente. Além do mais existe um crescimento de um viés de direita que já se dissemina na sociedade, esta é uma grande ameaça à democracia no país.
Por insuficiências clássicas e sem um programa unificador a esquerda segue desorganizada e desagregada, adotando uma linha de menor resistência, com característica performática, que precisa ascender à condição de força real mediante obtenção de governos estaduais e o da União, nesta eleição.
Os meios de comunicação dominantes e o complexo financeiro-empresarial são grandes conglomerados econômicos que orquestram os interesses do capital e influenciam a sociedade.
Produzem uma narrativa que visam evitar a reascensão de projetos de interesse do povo e se utilizam de adjetivos para tentar desqualificar os oponentes denominando de populismo a reação e de fake news as redes sociais que se contrapõem ao sistema.
Apostar em Lula é a grande sacada da esquerda, cujo propósito é atrair e não repelir aliados históricos e os que for possível construir neste momento. É, enfim, o que permitirá afastar as incertezas que pairam sobre nosso país, retomando o ciclo de desenvolvimento e participação popular e evitar que um aventureiro qualquer da política possa emergir.
Não devemos negar, no entanto, que devido a crise a sociedade tende a evitar “extremos” pois quer certezas.
Por isso, na atual conjuntura a política mais eficiente é forjar alianças de caráter democrático e popular e até com um centro progressista em sede de necessidade de se erguer barreiras políticas portentosas à ameaça de retrocesso total em nosso país, pois já há um acentuado grau de perda de direitos por parte da classe trabalhadora.
A única coisa certa é que a elite brasileira não quer que o povo decida sobre o destino do nosso país. Por isso, uma grande e eficiente aliança deve ser erguida.
Vivemos uma profunda crise civilizacional, cuidemos para cumprir nosso propósito histórico de emancipar a sociedade de sistemas, regimes e governos que infelicitam a população.
Por isso é TEMPO DE ALIANÇAS.

*Adilson Lira (Ex-presidente do PT/Caruaru; Coordenação da Via Trabalho)
*Suely Melo (Integrante da secretaria agrária do PT/Pernambuco; Coordenação da Via Trabalho)
*Renato Carvalho (Presidente PT/Caruaru; Secretário Agrário do PT/Pernambuco e integrante da Secretaria Agrária Nacional do PT; Coordenação Nacional da Via Trabalho)