Suicídio de ex-presidente do Peru caiu como uma bomba na Odebrecht
A notícia do suicídio do ex-presidente Alan García, do Peru, caiu como uma bomba na Odebrecht. Executivos da empresa delataram o político, que se matou antes de ser preso. De acordo com pessoa próxima da empresa, Jorge Barata, que dirigiu as operações no Peru por cerca de 15 anos e foi um dos delatores, estava arrasado.
Executivos lembravam que as delações relatavam ilícitos do governo de García, além de contribuições para campanhas eleitorais —e não roubos pessoais dele.
O único benefício pessoal, ainda investigado pela procuradoria, seria o pagamento de US$ 100 mil por uma palestra que ele efetivamente deu na brasileira Fiesp. A ação foi delatada por um advogado terceirizado da Odebrecht.
García, que foi presidente do Peru em dois mandatos —de 1985 a 1990 e de 2006 a 2011— conviveu com o patriarca da empreiteira, Norberto, com o filho dele, Emílio, e enfim com Marcelo Odebrecht.
A relação era simbólica: o Peru foi o primeiro país em que a empresa se instalou quando decidiu partir para a internacionalização.
Quando tomaram depoimento de Marcelo Odebrecht sobre a corrupção da empreiteira no Peru, os investigadores do país focaram em García. Chegaram a perguntar se a empresa tinha feito pagamentos ao ex-presidente.
Odebrecht foi vago. Respondeu que, mesmo sem saber “especificamente” de nada, achava possível pois “sempre” teria havido pagamentos não contabilizados para políticos do país.
(Mônica Bergamo – Folha de S.Paulo)