Sob pressão, Bolsonaro libera verba para Educação e sofre revés na Câmara
Uma semana após protestos em 170 cidades brasileiras contra o bloqueio de 30% do orçamento do Ministério da Educação, o Governo Jair Bolsonaro (PSL) decidiu usar verbas de sua reserva orçamentária para liberar recursos para a área. É uma tentativa de amenizar as críticas à sua gestão quando a UNE (União Nacional dos Estudantes) convoca uma nova manifestação para o dia 30 e a desaprovação do Planalto supera a aprovação pela primeira vez, de acordo com pesquisa Atlas Político.
Enquanto isso, no Congresso, outra frente em que a gestão está sob pressão, os bolsonaristas acabaram sendo encurralados pela aliança entre os partidos do Centrão, a centro-direita em tese apoiadora do Planalto, e da oposição. O acordo alterou boa parte da reforma administrativa implementada pela medida provisória 870. Num gesto simbólico, a Câmara decidiu devolver ao Ministério da Economia o comando do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), que estava sob a matuta de Sergio Moro na Justiça. Ficou claro, mais uma vez, que o presidente não tem base congressual consolidada.
O anúncio da liberação de recursos foi feito por técnicos do Ministério da Economia nesta quarta-feira. Foi o segundo recuo do dia. Pela manhã, o Executivo já havia alterado seu decreto do porte de armas. Na ocasião das manifestações, no dia 15 de maio, o presidente tinha chamado os manifestantes de “imbecis”, “idiotas úteis” e “massa de manobra” e dito que não havia caixa e, portanto, não havia o que fazer.
No fim de março, o Governo decidiu contingenciar 5,8 bilhões de reais da Educação. Agora, destinará 1,587 bilhão de reais para a pasta – ou seja, o valor equivale a menos de 10% de todos os recursos da Educação para o ano. Ainda não foi divulgado quais projetos serão retomados. Bolsas de pesquisa e recursos que seriam destinados para a manutenção de universidades estavam entre os principais cortes na área.
(El País Brasil)