Câmara aprova MP que fará pente-fino em benefícios do INSS
A Câmara dos Deputados aprovou, no início da madrugada desta quinta-feira (30), a medida provisória que determina um pente-fino nos benefícios do INSS. O texto também modifica regras para a concessão de aposentadoria rural, eliminando o papel de sindicatos no cadastro do trabalhador do campo, com o objetivo de coibir fraudes.
O secretário especial da Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, e outros membros do governo estavam no Plenário da Câmara negociando diretamente com os deputados. Eles comemoraram a aprovação, apesar das modificações em parte do texto. O projeto vai ainda nesta quinta-feira ao Senado, onde precisa ser aprovado em plenário.
O secretário da Previdência disse que espera que nos próximos 15 dias consigam aprovar dois projetos necessários para destinar recursos do Orçamento para o pagamento do bônus aos peritos que farão o pente-fino.
A discussão da medida provisória 871/2018, que prevê medidas de combate a fraudes no INSS, quase foi derrubada por uma reação em cadeia de deputados da bancada bolsonarista e de evangélicos que exigiam a retirada do termo "gênero" da lista de informações que deveriam ser repassados ao INSS. Os parlamentares alegavam que o termo se tratava de uma discussão de "ideologia de gênero". O texto determinava que os cartórios remetessem os dados de registros de nascimento e de natimorto com as informações do número do "CPF, a data e o local de nascimento do registrado, bem como o nome completo, data e local de nascimento, CPF da filiação e o gênero".
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chegou a ameaçar derrubar a sessão e, consequentemente, inviabilizar a MP. Vendo que haveria o risco de não aprovar a proposta, o líder do governo, Major Vitor Hugo (PSL-GO), tentou convencer seus correligionários de que a medida era necessária e foi cercado por parlamentares do PSL aos berros. Entre os mais nervosos estava Hélio Bolsonaro (PSL-RJ), um dos principais aliados do presidente Jair Bolsonaro. Após uma série de discussões, o grupo recuou e manteve o termo.
Os deputados aprovaram ainda a retirada dos incisos VII e VIII do artigo 22 que permitia ao governo sequestrar bens inalienáveis oriundos de fraudes. E rejeitaram o destaque do PSB que pedia aprovação de emenda dos deputados Heitor Schuch (PSB-RS) e Vilson da Fetaemg (PSB-MG) propondo a manutenção do papel dos sindicatos na comprovação do tempo de serviço do trabalhador rural. Agora, a MP transfere essa responsabilidade a órgãos subordinados ao Ministério da Economia. O governo costurou um acordo com a oposição no plenário da Câmara dos Deputados para viabilizar a votação da medida provisória.
(Estadão Conteúdo)