All for Joomla All for Webmasters

logo

 8627307F 02DB 460A 9565 E09843110F79

D67F92E3 3841 441E 99F7 ABA2698D89D0

web banner coletivo cartão fidelidade 728x90px

cultura logo

Em discurso na ONU, Bolsonaro nega que Amazônia está sendo devastada

Bolsonaro na ONU 990x557Em seu aguardado discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), o presidente Jair Bolsonaro preferiu adotar um tom mais agressivo, fazendo críticas a governos de esquerda e ataques a uma série de países e à imprensa internacional. Isso gerou uma série de reações tanto no Brasil quanto no exterior.

Um dos alvos de Bolsonaro, o presidente da França, Emmanuel Macron, rebateu o discurso em breve entrevista ao Estadão. O chefe de estado disse que não assistiu à fala, mas afirmou também que sua atuação não se trata de interesse econômico na floresta, mas de pensar no futuro da região que é “um bem comum”. "Eu acho que todos nós só queremos ajudar as pessoas da Amazônia […] Temos muitas pessoas envolvidas no futuro da Amazônia e acho que o que queremos fazer é ajudar as pessoas, com completo respeito pela soberania, ajudando o povo", afirmou.

"Não é questão de lobby ou interesse, os lobbies são para destruir a floresta para seus próprios interesses. O que nós queremos fazer é ajudar pessoas para elas mesmas e para o futuro da Amazônia, porque é um bem comum”, rebateu Macron.

Já a primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, discordou do discurso de Bolsonaro. "Eu não concordaria totalmente com muitas coisas que ele falou [...] Estamos preocupados é com a parceria que tínhamos com o Brasil em torno da Amazônia", afirmou em entrevista ao Valor.

"A preservação das florestas tropicais pode também levar ao desenvolvimento econômico de suas áreas. Nós temos uma preocupação com o futuro delas e queremos ajudar a salvá-las, trabalhando em conjunto e respeitando inteiramente a soberania do Brasil", completou.

Atrito com Cuba
Logo no início de seu discurso, Bolsonaro criticou o governo de Cuba e o programa Mais Médicos. "Em 2013, um acordo entre o governo petista e a ditadura cubana trouxe ao Brasil 10 mil médicos sem nenhuma comprovação profissional. Foram impedidos de trazer cônjuges e filhos, tiveram 75% de seus salários confiscados pelo regime e foram impedidos de usufruir de direitos fundamentais, como o de ir e vir. Um verdadeiro trabalho escravo, acreditem", disse.

A fala gerou uma reação de chanceler cubano, Bruno Rodríguez, que rebateu o presidente no Twitter: "Eu rejeito categoricamente as calúnias de Bolsonaro contra Cuba. Ele está delirando e anseia pelos tempos da ditadura militar". "Ele deveria cuidar da corrupção de seu sistema de justiça, governo e família. Ele é o campeão do aumento da desigualdade no Brasil", completou Rodríguez.

A fala do chanceler levou a uma resposta do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) na rede social. "Se o chanceler cubano está reclamando é porque foi bom. É o nosso comunistômetro. Cuba é a maior escravidão do mundo. Seu povo vive de forma miserável, pouquíssimos conseguem denunciar isso ao mundo e ninguém pode sair da ilha sem autorização do governo da Venezuela vai pelo mesmo caminho", postou o filho do presidente.

Reações na política brasileira
Durante um evento em São Paulo, o governador do estado, João Doria (PSDB), também criticou o discurso de Bolsonaro na ONU. Para ele, a fala foi "inadequada e inoportuna" e faltaram "bom senso e humildade" ao presidente. "Não teve referências que pudessem trazer respeitabilidade e confiança no Brasil no plano ambiental, econômico ou político", disse.

Enquanto isso, o deputado e aliado de Bolsonaro, Marco Feliciano (Podemos-SP), elogiou o discurso do presidente, classificando como um "histórico pronunciamento". "Depois do histórico pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro no dia de hoje, próprio de um estadista, feito diante da Assembleia-Geral das Nações Unidas, nosso Brasil entrou definitivamente para o grupo das nações que ditam os rumos da humanidade! Viva o Brasil", escreveu no Twitter.

Entidades ambientais criticam fala de Bolsonaro
Para o Observatório do Clima, o presidente Brasileiro envergonhou o país com seu discurso, sobretudo em relação à área ambiental. "O presidente mais uma vez envergonhou o Brasil no exterior ao abdicar a tradicional liderança do país na área ambiental em nome de sua ideologia. Não fez nada para tranquilizar investidores, nem para aplacar o clamor crescente por boicote a produtos brasileiros. Põe em risco o próprio agronegócio que diz defender", afirmou a organização, que reúne 37 entidades da sociedade civil brasileira.

A opinião é semelhante à do Greenpeace:  “A fala do presidente sobre meio ambiente foi uma farsa. Bolsonaro tentou convencer o mundo que protege a Amazônia, quando, na verdade, promove o desmonte da área socioambiental, negocia terras indígenas com mineradoras estrangeiras e enfraquece o combate ao crime florestal”, declarou Marcio Astrini, coordenador de Políticas Públicas da organização não-governamental.

Em sua fala, o presidente brasileiro negou que a Amazônia esteja ameaçada e, em tom agressivo diante de chefes de Estado do mundo todo, reafirmou sua política nacionalista e disse que a floresta está "praticamente intacta". "Nossa Amazônia é maior que toda a Europa Ocidental e permanece praticamente intocada. Prova de que somos um dos países que mais protegem o meio ambiente.", afirmou o mandatário.

(textos originais do InfoMoney e El País Brasil)