Caso Marielle: PGR quer federalizar investigação após morte de chefe de milícia
A cúpula da Procuradoria-Geral da República (PGR) avalia que a morte do ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Adriano Magalhães da Nóbrega, de 43 anos, “robustece” a necessidade de federalização das investigações do caso Marielle Franco. O procurador-geral, Augusto Aras, considera que “a cada fato novo envolvendo personagens ligados ao Escritório do Crime, maior é a necessidade de se conduzir uma investigação afastada do Estado do Rio."
Morto pelo Bope da Bahia no último domingo — teria reagido a tiros ao ser encontrado —, Adriano era acusado de comandar o grupo de assassinos de aluguel conhecido como Escritório do Crime. O PM reformado Ronnie Lessa, apontado como um de seus integrantes, foi preso no ano passado sob a suspeita de executar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes na noite de 18 de março de 2018.
O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, apoiava a federalização das investigações, mas, depois que a família de Marielle se opôs à medida, parou de defender a ideia. No entanto, procuradores agora querem detalhes sobre a morte de Adriano, que, de acordo com seu advogado, Paulo Emilio Catta Preta, pode ter sido uma “queima de arquivo”.
— Em um telefonema na terça-feira (da semana passada), ele (Adriano) me disse “doutor, ninguém está aqui para me prender, querem me matar — disse o advogado horas após seu cliente levar dois tiros em um sítio no município baiano de Esplanada, a 170 quilômetros de Salvador.
O ex-capitão do Bope foi um dos primeiros investigados pela morte de Marielle e Anderson. Ao prestar depoimento na Delegacia de Homicídios (DH) da Capital em agosto de 2018, ele admitiu que já adotava a estratégia de trocar frequentemente de celular.
Durante o depoimento, Adriano foi questionado sobre a prática. Ele afirmou que não utilizava “aparelhos buchas” (adquiridos em nome de outras pessoas), e alegou que fazia uso de vários aparelhos como “medida de segurança”, para preservar sua “privacidade”. O ex-capitão do Bope disse ainda que não se lembrava do número que usava na época do assassinato de Marielle e Anderson. Além disso, informou que estava dormindo no horário do crime, já que, por ser pecuarista, costumava acordar muito cedo.
Todos os celulares e chips encontrados com Adriano serão examinados por peritos da Polícia Civil do Rio.
(via O Globo)