Deputados criticam participação de Bolsonaro na manifestação deste domingo
O presidente Jair Bolsonaro criticou o interesse do Congresso em controlar cerca de R$ 15 bilhões do Orçamento 2020 e mandou os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a irem às ruas.
Em entrevista à CNN Brasil neste domingo (15), Bolsonaro também chamou de "extremismo" e "histeria" medidas adotadas diante da pandemia do coronavírus, que no Brasil já havia infectado 200 pessoas até o início da noite.
Bolsonaro foi duramente criticado por parlamentares — inclusive Maia e Alcolumbre — por ter estimulado manifestações a favor de seu governo e contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Os presidentes da Câmara e do Senado divulgaram notas no início da noite condenado o comportamento do presidente da República que, até mesmo ignorando recomendações médicas, foi até o ato que ocorreu em Brasília mais cedo. A entrevista de Bolsonaro foi dada após as manifestações dos dois parlamentares.
— Eu gostaria que eles saíssem às ruas como eu. A resposta é esta. Nós, políticos, temos responsabilidade e devemos ser quase que escravos da vontade popular. Saiam às ruas, esses dois parlamentares. Respeito os dois, não tenho nenhum problema com eles. Estão fazendo as suas críticas, estou tranquilo no tocante a isso. Espero que eles não queiram partir para algo belicoso depois destas minhas palavras aqui — afirmou Bolsonaro. — Agora, prezado Davi Alcolumbre, prezado Rodrigo Maia, querem sair às ruas? Saim às ruas e vejam como vocês são recebidos — prosseguiu o presidente da República.
Bolsonaro disse que os atos de domingo não foram uma iniciativa dele, mas um movimento espontâneo da população "cansada de desmandos, cansada de ver certas coisas que não fazem bem para a coisa pública, por exemplo, a partilha de R$ 15 bilhões, onde, o Orçamento, todos sabem, quem tem que executar é o presidente da República".
Ele fez referência à metade dos R$ 30 bilhões sob controle do relator do Orçamento 2020, deputado Domingos Neto (PSD-CE). O governo fez um acordo com o Congresso e Bolsonaro encaminhou três projetos que regulamentam o Orçamento impositivo e dividem estes recursos entre Executivo e Legislativo, deixando cerca de R$ 15 bilhões para cada um.
Bolsonaro repetiu o que já havia dito duas vezes durante uma live que fez no início da tarde, no momento em que foi até manifestantes que se aglomeraram para vê-lo no Palácio do Planalto. Disse que não é preciso que se faça acordo entre ele, Maia e Alcolumbre, mas entre eles e o povo.
— Os acordos não têm que ser entre nós, em gabinetes com ar refrigerado. Tem que ser entre nós e o povo. Eu quero a aproximação do Rodrigo Maia, quero a aproximação do Davi Alcolumbre. Respeito os dois parlamentares. O que está faltando para nós, como já disse em mais de uma oportunidade, se nós chegarmos a um bom entendimento e partirmos para uma pauta de interesse da população, todos nós seremos muito bem tratados, reconhecidos e até idolatrados nas ruas. É isso o que eu quero. Não quero eu aparecer, e eles não. Muito pelo contrário — afirmou.
Bolsonaro disse ainda que está disposto a encontrar Maia e Alcolumbre nesta segunda-feira (16), no Palácio da Alvorada — residência oficial da Presidência da República — ou no Congresso.
— Vamos conversar e vamos deixar de lado qualquer picuinha que porventura exista. O Brasil está acima de nós três — disse Bolsonaro.
Apesar de integrantes do governo próximos a Bolsonaro estarem infectados pelo novo coronavírus, o presidente voltou a minimizar os efeitos do covid-19.
(via Zero Hora)