Em entrevista à CNN, Regina Duarte dá chilique ao vivo após críticas de Maitê Proença
A secretária de Cultura do governo Bolsonaro, Regina Duarte, minimizou, nesta quinta-feira (7), os casos de tortura ocorridos durante o regime militar brasileiro (1964-1984). As declarações foram feitas durante entrevista que a atriz concedeu ao vivo para o jornalista Daniel Adjuto, da CNN Brasil, durante o programa CNN 360, apresentado por Daniela Lima e Reinaldo Gottino.
Após quase 40 minutos de conversa, Regina Duarte interrompeu a entrevista e se retirou.
Depois de relatar o encontro que teve nesta quinta-feira (7) com Jair Bolsonaro, Duarte fez elogios ao presidente e criticou quem fica "cobrando por coisas que aconteceram nos anos 60, 70, 80". "Gente, vamo embora, né, vamo embora pra frente, 'pra frente, Brasil, salve a Seleção; de repente, é aquela corrente pra frente'. Não era bom quando a gente cantava isso?", disse sorrindo, em referência à música da Copa do Mundo de 1970, associada historicamente à propaganda ufanista do regime militar brasileiro.
O jornalista, então, questiona a atriz: "É que foi um período muito difícil, tem muita história, muita gente morreu na Ditadura. Essa é que é a questão". A secretária rebate: "Cara, desculpa, eu vou falar uma coisa assim: na humanidade, não para de morrer. Se você falar 'vida', do lado tem 'morte'. Por que as pessoas ficam 'oh, oh, oh!'? Por quê?!".
Daniel Adjuto responde: "É que houve tortura, secretária. Houve censura à cultura". E ela replica: "Bom, mas sempre houve tortura. Meu Deus do céu... Stalin, quantas mortes? Hitler, quantas mortes? Se a gente for ficar arrastando essas mortes, trazendo esse cemitério... Não quero arrastar um cemitério de mortos nas minhas costas e não desejo isso pra ninguém. Eu sou leve, sabe, eu tô viva, estamos vivos, vamos ficar vivos. Por que olhar pra trás? Não vive quem fica arrastando cordéis de caixões".
Maitê Proença
Regina Duarte interrompeu a entrevista bruscamente logo após os apresentadores do programa CNN 360, Daniela Lima e Reinaldo Gottino, colocarem no ar um vídeo em que a atriz Maitê Proença critica a gestão da colega à frente da Secult. Enquanto o vídeo era transmitido, Regina Duarte reclamava com seu entrevistador, o jornalista Daniel Adjuto.
Duarte definiu a transmissão do vídeo como "baixo nível" e disse que precisou "dar um chilique" para que interrompessem a declaração da colega atriz. Ao ser solicitada a responder sobre as declarações de Proença, Regina rebateu: "Vocês estão me obrigando?".
Questionada pela apresentadora Daniela Lima, que lembrou da sua função como secretária do governo federal, Duarte rebateu: "Quem é você, que tá desenterrando uma fala da Maitê de dois meses atrás? (...) Vocês estão desenterrando mortos", criticou.
Críticas
A classe artística reagiu com muitas críticas à entrevista de Regina Duarte. Artistas de diversas idades e perfis, inclusive ex-colegas da atriz, expressaram indignação nas redes sociais.
A atriz e cantora Zezé Motta postou uma imagem de luto "por nosso ministério ou pasta" em suas redes sociais. Em uma postagem em que a atriz Débora Bloch questionou a humanidade de Regina Duarte, vários outros artistas divulgaram seus posicionamentos críticos à secretária especial. "Que horror", escreveu o ator e diretor Miguel Falabella. "Que triste", opinou a atriz Alessandra Negrini. "A Regina enlouqueceu. O que se pode fazer?", perguntou a atriz Vera Fischer. "Fim do mundo", disse a atriz Luisa Arraes. "Que vergonha, que vergonha", reagiu a atriz Mel Lisboa.
(via Brasil de Fato)