Pessoas que tiveram acesso ao vídeo exibido, nesta terça-feira (12), na Polícia Federal, dentro do processo que investiga denúncias do ex-ministro da Justiça Sergio Moro contra o presidente Jair Bolsonaro, afirmam que o que foi dito na reunião ministerial de 22 de abril é impactante para o chefe do Executivo.
Ficou claro que a grande preocupação dele, ao mudar a chefia da Superintendência da corporação no Rio de Janeiro é proteger os filhos. Ele também estava apreensivo com as repercussões de investigações sobre aliados.
"Todos que assistiram ao vídeo ficaram atônitos. Explicitou-se o que, até então, eram suposições: o presidente Jair Bolsonaro só está preocupado em livrar seus filhos do cerco da PF. Por isso, ele quer tanto ter o controle do órgão e acesso às investigações", contou um dos presentes.
Em uma das partes do vídeo, Bolsonaro diz: “Querem f**** minha família”. A corporação está próxima de pegar Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), os filhos 02 e 03 do presidente, por disseminação de fake news com o intuito de destruir reputações e defender a volta da ditadura.
A avaliação de duas pessoas que participaram da exibição do vídeo, no Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, em Brasília, é de que a situação é muito ruim para o governo. “Como Bolsonaro vai rebater o que disse e está gravado? Vai dizer que fizeram montagem?”, indagou uma das fontes.
O vídeo foi exibido por determinação do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). Assistiram à gravação, além de Moro, integrantes da Advocacia-Geral da União (AGU) e procuradores e investigadores que acompanham o caso. Advogado do ex-juiz, Rodrigo Sánchez Rios ressaltou que o material confirma todas as denúncias feitas pelo cliente.
Ao deixar o comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Moro afirmou que Bolsonaro queria interferir no comando e nas ações da PF. Logo depois, o presidente da República tentou desqualificar as declarações do ex-juiz. Com o vídeo da reunião em que o chefe do Executivo disse que demitiria o ex-magistrado se ele não mudasse a chefia da PF, o clima no Palácio do Planalto é de alerta máximo. Tudo indica que será liberada a parte da gravação que envolve Moro.
(via Correio Braziliense)