Após deixar de divulgar dados de Covid-19, governo brasileiro vira alvo de críticas em todo o mundo
A repercussão mundial da nova forma de informar os dados da Covid-19 no Brasil por parte do Ministério da Saúde alcançou, neste domingo (7), os veículos internacionais e também as redes sociais. Alguns dos principais jornais estrangeiros destacaram negativamente as mudanças feitas pela pasta.
As manchetes dos diferentes portais falavam em "apagão de dados", "sumiço de mortes" e "governo elimina mortos pelo vírus". Depois da repercussão negativa, o governo recuou, voltou a falar em problemas técnicos e oficializou a intenção de usar a data de ocorrência, e não do registro do caso ou óbito, como forma de divulgação.
Antes disso, nas redes sociais, acadêmicos, jornalistas e usuários contrários ao governo mundo afora criticaram o novo formato, alegando que o "apagar das luzes" fez a pandemia "sumir" no país.
Com o título “Brasil para de publicar total de mortes por Covid-19 e retira dados de site oficial”, o texto de um dos jornais mais lidos no mundo, o britânico The Guardian, diz que a medida, que teria sido determinada pelo presidente Bolsonaro, foi largamente criticada pela sociedade brasileira. “Médicos, associações médicas e governadores de estados atacaram o que chamam de tentativa de controlar informação”, diz o jornal.
O The Washington Post reproduziu texto da agência internacional de notícias Associated Press que diz que o Brasil eliminou dados do total de mortos pela Covid-19 e deixou especialistas perplexos.
Influente no mundo árabe e em diversos países da África, o canal de notícias Al Jazeera deu destaque à queda do portal oficial de informações sobre a pandemia no Brasil, que ficou fora do ar desde a noite da sexta-feira (5) até a tarde do sábado (6).
Quando voltou a funcionar, o site não exibia mais os números totais de mortes e casos no país. Outra agência internacional de notícias, a Reuters disse que o Brasil tirou do público meses de dados sobre a pandemia no país, enquanto o presidente Bolsonaro defendeu os atrasos e as mudanças no registro de informações.
Nas manchetes francesas, os destaques foram a retirada dos dados públicos sem nenhuma justificativa apresentada nem por parte de Bolsonaro, nem pelo Ministério da Saúde. Um dos veículos reproduziu ainda a declaração do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, afirmando que “do ponto de vista de saúde, é uma tragédia o desmanche da informação”.
(via Folha de S. Paulo)