Bloco esquerdista vence e impede avanço da direita na França
08/07/2024
A esquerda francesa saiu vitoriosa no 2º turno das eleições para a Assembleia Nacional no domingo (7). A NFP (Nova Frente Popular), coalizão formada às pressas para derrotar o RN (Reagrupamento Nacional), de direita, assegurou 182 cadeiras na Câmara Baixa do Parlamento. Com 100% da apuração concluída, a coalizão Juntos, do presidente Emmanuel Macron, conquistou 168 cadeiras na Assembleia Nacional. O partido liderado por Marine Le Pen teve um resultado muito abaixo das expectativas, assegurando só 143 assentos.
Na nova composição da Assembleia Nacional, nenhum dos grupos chegou perto da maioria absoluta de 289 dos 577 deputados, o que significa a necessidade de alianças para a formação do próximo governo, possivelmente entre a NFP, liderada por Jean-Luc Mélenchon, e a coalizão de Macron. Este será o 1º governo francês sem uma força dominante clara desde a 2ª Guerra Mundial.
O fraco desempenho do grupo de Le Pen, significativamente abaixo das expectativas depois do 1º turno em 30 de junho, onde se estimavam 297 cadeiras, mostra que a aposta do presidente francês de convocar novas eleições legislativas depois do avanço da direita no Parlamento Europeu deu certo. A aliança entre centro e esquerda foi crucial para impedir a vitória esperada do RN. O “cordão sanitário”, que incentivou candidaturas menos competitivas a desistirem do 2º turno para reduzir as chances da direita, foi eficaz em barrar a ascensão de um primeiro-ministro do Reagrupamento Nacional. Jordan Bardella, da RN, era o mais cotado para assumir o cargo. O futuro da coabitação entre os partidos na Assembleia Nacional ainda é incerto, mas Macron evitou uma derrota esmagadora, já que sua coalizão teve um desempenho superior ao da direita. No entanto, isso não representa exatamente uma vitória para o presidente francês. Quando dissolveu a Assembleia Nacional depois da derrota nas eleições para o Parlamento Europeu, disse que a medida era necessária para permitir que a população francesa escolhesse seus governantes. No 2º turno do domingo (7), sua coalizão ainda foi menos votada que a união de esquerda, e o descontentamento de segmentos franceses com seu governo ainda é visível.